Por Dra Wany Lana
Grande parte dos pacientes submetidos a cirurgia bariátrica é de mulheres (cerca de 80%), das quais mais da metade encontra-se em idade fértil. Há particularidades no seguimento obstétrico nestas pacientes com o objetivo de proporcionar aconselhamento e cuidados pré-natais adequados.
Dependendo da técnica cirúrgica usada, a avaliação anticoncepcional e pré-natal são ainda mais importantes, considerando que algumas técnicas cirúrgicas são altamente espoliativas.
Está demonstrado que a perda de peso, seja por via cirúrgica ou não-cirúrgica, melhora a fertilidade, pois regula a ovulação e melhora o perfil hormonal. Mesmo uma diminuição de 5-10% de peso corporal (considerando o peso ideal) já é suficiente para obter resultados positivos não sendo obrigatório que a perda de peso coloque a paciente em seu peso ideal, mas deve ser o mais próximo disso, além de que, ao longo da gestação, um controle rigoroso obstétrico e nutricional deve ser mantido para garantir um período gestacional saudável para a mãe e para o bebê.
Embora os resultados da cirurgia bariátrica sejam encorajadores, quando avaliamos a perda de peso e mudanças de estilo de vida e tratamento medicamentoso, a intervenção cirúrgica não deve ser um tratamento primário para infertilidade em mulheres obesas e com sobrepeso.
Contracepção antes e após a cirurgia bariátrica
Há uma enorme procura da cirurgia bariátrica entre as mulheres em idade fértil (18 – 45 anos) e, por conta disso, discutir métodos da contracepção na obesidade, pré e pós a cirurgia bariátrica torna-se cada vez mais importante.
Como a obesidade afeta a fertilidade e está associada à disfunção ovulatória, o que diminui consideravelmente as chances de gravidez espontânea e respostas de tratamentos de fertilidade, muitas mulheres acabam se considerando inférteis e não fazem uso adequado da contracepção antes de serem submetidas a cirurgia bariátrica.
Com a perda de peso, ocorre a regulação hormonal, normalizando as menstruações e ovulações, consequentemente a própria fertilidade, principalmente, no caso de mulheres que apresentam a síndrome do ovário policístico. Este possível aumento da fertilidade após a cirurgia bariátrica em mulheres em idade fértil, melhora a autoestima da mulher, a saúde mental, o próprio aspecto físico e o aumento do desejo sexual do casal, aumentando o risco de gravidez.
Ainda a respeito da contracepção, percebe-se que há alterações anatômicas e funcionais dependendo da técnica cirúrgica utilizada. Por exemplo, há um maior impacto na eficácia dos contraceptivos hormonais orais por alterar sua absorção e biodisponibilidade. Mesmo que não hajam estudos sobre o assunto, é fato que existe o risco de falha contraceptiva dos anticoncepcionais orais devido à má absorção após a cirurgia bariátrica.
Portanto, nesses casos, pode ser aconselhável métodos que não utilizam o trato gastrointestinal para sua absorção, como anticoncepcionais injetáveis, adesivos, anel vaginal, DIU ou implantes de progesterona. Para saber o melhor método, a avaliação de um profissional é necessária até que fique estabelecido a segurança na sua ação após a cirurgia bariátrica.
Sobre a Cirurgia Bariátrica
Cirurgia bariátrica e metabólica, gastroplastia ou cirurgia de redução do estômago objetiva reduzir o peso de pessoas com o IMC (índice de massa corpórea) muito elevado.
A Cirurgia Bariátrica e Metabólica está consolidada como um tratamento eficaz e o avanço de técnicas e tecnologias levou a especialidade a se tornar uma alternativa segura e eficiente, não só contra a obesidade, mas também contra doenças associadas como diabetes, hipertensão e outras agravadas pelo excesso de peso.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a cirurgia está indicada para pacientes com IMC acima de 35 Kg/m² que tenham complicações como apneia do sono, hipertensão arterial, diabetes, aumento de gorduras no sangue e problemas articulares, ou para pacientes com IMC maior que 40 Kg/m² que não tenham obtido sucesso na perda de peso, após dois anos de tratamento clínico (incluindo o uso de medicamentos).
As técnicas da cirurgia bariátrica foram se atualizando ao longo dos anos e as novas técnicas disponíveis são realizadas por videolaparoscopia e são cada vez mais usadas pelos especialistas com altos índices de sucesso.
Existem, basicamente, três tipos de cirurgias bariátricas. Entender suas diferenças é importante para discutirmos que complicações e cuidados a mulher precisa ter após se submeter a esse tipo de procedimento.
Os 3 tipos de cirurgia bariátricas são:
Restritivas: diminuem o tamanho do estômago e a perda de peso ocorre pela redução da ingestão de alimentos (Banda Gástrica Ajustável, Gastroplastia Vertical com Bandagem ou Cirurgia de Mason e a Gastroplastia Vertical em “Sleeve”)
Mistas: redução do tamanho do estômago e um desvio do trânsito intestinal levando a redução da ingestão e absorção dos alimentos (derivação Gástrica com e sem anel).
Disabsortiva: são apenas disabsortivas, ou seja, há uma diminuição da absorção do alimento, pois é realizado apenas o desvio do trânsito alimentar
As cirurgias bariátricas têm índices de mortalidade de 0,3%, semelhante a uma simples retirada da vesícula biliar ou cesariana. Deste modo, é um procedimento considerado muito seguro.
Acompanhamento pós cirúrgico
Do ponto de vista nutricional, os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica devem realizar acompanhamento médico pelo resto da vida e, quanto mais disabsortiva for a cirurgia, maior a chance de complicações nutricionais, como anemias por deficiência de ferro, de vitamina B12 e/ou ácido fólico, deficiência de vitamina D e cálcio e, até mesmo, desnutrição. Assim, reposições vitamínicas são feitas após a cirurgia e mantidas por toda a vida.
Após a cirurgia bariátrica, o paciente deve aprender a comer pouco e bem, várias vezes ao dia, optar por alimentos pouco calóricos e com alto teor vitamínico, abandonando hábitos nocivos. A reeducação alimentar ajudará a perder peso e a mantê-lo em patamares adequados por toda a vida.
O acompanhamento psicológico deve ser sempre preventivo e educativo, já que é possível o aparecimento de novos fatores de estresse e ansiedade, assim como as expectativas do paciente quanto a perda de peso ou sobre expectativas do próprio corpo que não serão atingidas.
Veja também:
Os riscos da obesidade para a fertilidade da mulher
Como escolher o melhor método anticoncepcional?
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